As florestas Miyawaki ou florestas nativas caracterizam-se por terem um rápido desenvolvimento, serem ricas em espécies nativas e trazerem bastantes benefícios, quer para o ambiente, quer para o homem, como para a captação e absorção de água, entre outras vantagens.
Este método de reflorestação vai permitir gastar menos não só em termos financeiros como em termos de poupança de água aspeto importante dado o momento dramático que estamos a atravessar com a seca e a desertificação.
Os pressupostos seguidos nesta metodologia tornam-na mais económica sendo que estas pequenas florestas em termos de desenvolvimento são autossuficientes ao fim de dois a três anos, ou seja, no final desse período de tempo, as plantas não precisam de ser regadas.
O método em causa foi criado pelo botânico e ecologista japonês Akira Miyawaki na década de 1970 e tem inspirado a plantação de centenas de pequenas florestas urbanas em todo mundo. Os estudos de Miyawaki levaram ao desenvolvimento de um método de plantação que combina os conceitos de vegetação natural potencial (a vegetação que deveria existir num local se não houvesse intervenção humana) e a forma como as espécies interagem entre si e crescem para formar um ecossistema florestal dinâmico.
O principal rendimento (económico) não é mensurável ou físico, ou seja, quantificável, mas sim qualificável dado o importante papel que este método tem para alertar a consciência das pessoas para as problemáticas ambientais e a necessidade do desenvolvimento de mais projetos deste tipo. Por isso é necessário ajudar a dar um pequeno contributo para a melhoria do ambiente envolvendo a população local em todas as fases de desenvolvimento do projeto, quer seja na plantação, monitorização e rega. Esta sensibilização aliada à prática é a melhor ferramenta geradora de valor com reflexos nas gerações atuais e futuras.
Os princípios do método Miyawaki defendem que se tenha de identificar a vegetação natural potencial do local e a sua estrutura, ou seja, de que forma as diferentes espécies de herbáceas, arbustos e árvores podem ser combinadas. A plantação deve ser mantida sem ervas daninhas e regada regularmente nos dois ou três primeiros anos. Este método permite que a vegetação cresça de forma mais acelerada na ordem de 10 vezes mais rápido comparando com outras monoculturas preferidas pela indústria da madeira. Dado o sucesso do projeto a sua aplicação tem-se multiplicado pelo mundo.
O método tem apresentado bons resultados, com uma taxa de sucesso de 97% a nível mundial, tendo invadido a Europa e surgiu em Portugal, pela primeira vez, em 2021.
-- Os objetivos do projeto: são a criação de pequenas florestas urbanas com todos os benefícios ambientais conhecidos como por exemplo a redução de temperatura ambiente, aumento da produção de O2, eliminação de CO2; Envolver toda a comunidade local inclusive as escolas através da participação em todas as fases de desenvolvimento do projeto; Alertar a população para as questões do ambiente, vantagens na utilização de espécies nativas, vantagens na captação e gestão da água, resultados a curto prazo por via do crescimento rápido da pequena floresta.
-- O público alvo como se pôde perceber pelo já descrito será toda a população local atual e gerações futuras.
-- O projeto poderá ser implementado em pequenas áreas abandonadas de terreno público ou que carecem de requalificação nas zonas urbanas da cidade e freguesias, como por exemplo na zona circundante dos campos de jogos, no jardim municipal e outros espaços de lazer.
-- Valor da proposta e detalhe do investimento:
Será importante consultar um biólogo/a para conduzir o primeiro projeto, apesar de ser um projeto de simples implementação existem aspetos técnico-científicos importantes que farão a diferença no êxito do projeto, daí a necessidades de um aconselhamento profissional. Seguindo as fases da sua implementação temos:
1.ª fase - preparação do terreno e plantação: é feita a mobilização da terra com recurso a trator e alfaia adequada e em seguida o trabalho de plantação com recurso a trabalhadores agrícolas.
2.ª fase - monitorização: acompanhamento, por um técnico com formação de espaços verdes, da evolução da floresta para eventuais correções (a efetuar em todas as fases do projeto)
3.ª fase – rega: regas frequentes a efetuar por trabalhadores com auxílio de instrumentos de regas adequados, nos primeiros 2 a 3 anos.
Tendo como exemplo um projeto já existente no algarve (Silves) em que numa área de 100m2 são plantadas 260 arvores e arbustos de 18 espécies, posso apontar para uma estimativa de custo de 10.000€ para o primeiro projeto. Todavia se arrancarem vários projetos em conjuntos pela cidade e freguesias o valor por projeto será mais baixo pela economia de escala que se gera. O valor apontado é apenas uma estimativa que carece da respetiva orçamentação.
Fonte: Bióloga Sónia Soares.
Imagens: Luís Forra/Lusa, Ciclo Vivo, National Geografic, Agencia Pará, ASFlora,